Retirado do Blog http://dererummundi.blogspot.com
"Sábado, 5 de Maio de 2007
Vale a pena ler
Estou neste momento a terminar o «Diário de um Deus Criacionista», uma sátira fabulosa de um autor português ao anacronismo obscurantista com que o fanatismo de uma minoria ameaça os alicerces da nossa civilização.O livro é apresentado hoje em Coimbra, às 12h30mn, na Livraria Coimbra Editores (Rua Ferreira Borges, 79) e será apresentado em Lisboa na segunda feira, às 21h na FNAC do Colombo. A apresentação do livro na FNAC inclui um debate sobre criacionismo, onde estará presente o autor - docente no departamente de Economia da Universidade de York -, um teólogo, o padre Joaquim Carreira das Neves, e esta colaboradora do De Rerum Natura.O livro, para além de muito inovador em termos gráficos - fez-me lembrar em inúmeros pontos a poesia caligramática e visual, de que já incluí um exemplo de Paul de Vree no post «Literacia científica: à procura do arco-íris» - é de certa forma um paradigma do que referi em termos da necessidade de diálogo entre as duas culturas no mesmo post. Nomeadamente o segundo acto, «Eu e a formação dos universos», poder-se-ia considerar um acto muito bem conseguido de divulgação científica. Gostei da forma como o autor desmistifica o principio da incerteza de Heisenberg, que «tanta confusão iria causar nas mentes dos humanos biliões e biliões e biliões e biliões de anos mais tarde», como decorrendo naturalmente do dualismo onda-corpúsculo associado a partículas como o electrão.O livro, escrito na primeira pessoa de um deus criacionista - muito temperamental-, discorre magistralmente nos restantes capítulos sobre mitologias sortidas, especialmente sobre a judaico-cristã. O trecho que trata da estadia de Adão e Eva no Paraíso, por exemplo, é tão bem conseguido e hilariante que, tal como Manuel S. Fonseca, editor da Guerra e Paz, parece-me muito provável que o romance provoque muita celeuma, quiçá comparável à despoletada pelo «Evangelho» de José Saramago. O livro foi «pré-publicado» na RTP1 em 28 de Abril, numa reportagem que vale igualmente a pena ver. "
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